Adeus também foi feito pra se dizer…

Encerrar ciclos é uma oportunidade de olhar para o futuro.

Quem viveu os anos 1980 talvez se lembre dos versos que abrem essa matéria. Eles fazem parte da canção “Pedacinhos”, de Guilherme Arantes, que fala sobre um ciclo que se encerra e cujo fim precisa ser encarado de frente. 


Encarar o fim de um ciclo de forma consciente é uma das dicas de Magda Santana, professora e consultora da
ADIGO Consultoria, especializada em Recursos Humanos e Desenvolvimento Organizacional. Aproveitando a edição temática de encerramento do Nosso Porto, o Nosso Porto bateu um papo com Magda para entender por que as pessoas costumam resistir às mudanças e também para saber mais sobre como extrair o melhor dos ciclos que terminam. Vale a pena conferir!

Encerrar ciclos é preciso 

Nosso Porto: Nem sempre é fácil encerrar ciclos. Por que as pessoas costumam ter dificuldades em lidar com o fim de determinados processos?

Magda Santana: Temos dificuldade em perder as coisas. Mesmo ciclos que queremos encerrar, ou que acabam por decisões nossas, causam sentimentos conflitantes. É natural se permitir viver o “luto” pelo fim de algo, mas é preciso fechar as etapas, ressignificá-las e seguir em frente. Fechar ciclos é fundamental para o nosso futuro. Se algo permanece em aberto, nosso progresso acaba sendo comprometido, como uma torneira deixada pingando. Sentir dor é natural, pois é difícil passar por despedidas, mas fechar portas é muito necessário.

Abertura para o novo

Nosso Porto: A vida é feita de ciclos com começos, meios e fins. Como podemos nos preparar para encarar esses momentos de forma positiva? 

Magda Santana: Já caiu no senso comum dizer que gostamos da zona de conforto, mas esse é um processo orgânico, que nosso cérebro opera para poupar energia. Por outro lado, precisamos nos preparar para as mudanças. Há um livro bem interessante chamado “Mindset”, que demonstra que há dois tipos de formas de pensar: o mindset fixo encara  mudanças de forma negativa, e o evolutivo enxerga predominantemente o potencial de transformação. Num primeiro momento, temos a tendência de economizar energia e deixar que uma coisa que está funcionando continue do mesmo jeito. Uma atitude positiva é se abrir para o novo, se despedir daquilo que está ficando para trás de forma consciente, entender que aquilo que acabou teve seu papel, e se permitir fazer as coisas de outra maneira. 

Honrar o passado, sentir o presente e sonhar com o futuro

Nosso Porto: A Porto trabalha bastante com conceitos da Antroposofia. Como essa forma de encarar o mundo pode nos ajudar a lidar com as mudanças?

Magda Santana: Para a antroposofia, é muito importante honrar o passado, e olhar os ciclos em perspectiva. Este modo de estar no mundo trabalha com a trimembração entre pensar, sentir e querer, que se aplica à passagem do tempo. Fechar ciclos é essencial para a saúde mental, para que seja possível desapegar e entender que vamos dar um passo adiante, a partir do que já aconteceu. Olhar para o passado com reverência é essencial para aceitá-lo como um insumo para construir um novo ciclo de forma integrada. 

Reverenciar o passado é diferente de ficar preso nele
Magda Santana

 

Nosso Porto: Mudar é inevitável e também pode ser muito positivo, tanto para as pessoas como para as Organizações. Como podemos olhar para as transformações necessárias com foco no futuro e na evolução que elas trazem? 

Magda Santana: Numa Organização, tudo muda o tempo todo, e no mundo também. A resistência às mudanças é parte desse processo e, bem dosada, ela pode ser saudável para instigar as pessoas a entender para onde queremos ir. A gestão da resistência é muito importante, e deve ser feita com a apresentação de dados, com clareza e transparência, mesmo que não haja certezas. Quando a resistência vem do “sentir”, ou seja, as pessoas entendem a necessidade de mudar, mas não concordam com ela, é importante abrir espaços de escuta, em que seja possível colocar as inseguranças, preocupações e questionamentos. Isso ajuda e engaja para as mudanças. Um terceiro cenário é quando todos entendem e concordam com as mudanças, mas não sabem como fazer as coisas de formas diferentes. Nesse caso é preciso apoiar, treinar e dar suporte, ir junto e mostrar como se faz. 

Construindo memórias positivas   

Nosso Porto: Você poderia deixar algumas sugestões de como lidar com o encerramento de ciclos?

Magda Santana: A primeira dica é diferenciar o fechamento de um ciclo de uma perda. Ciclos são processos com começo, meio e fim, que se esgotam e se concluem. Uma perda é algo diferente, que precisa ser vivenciada com o luto. Quando conseguimos diferenciar isso, já é meio caminho andado. Construir memórias positivas e lembrar com carinho das coisas que vivemos são passos importantes para nos darmos a chance de viver e aprender coisas novas.

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