Desinformação, preconceito e exclusão social são aspectos que, infelizmente, ainda estão presentes na vida de muitas pessoas com deficiência. Mas, a partir de muita mobilização e conscientização, essa realidade está começando a mudar.
Iniciativas como o Dia de Conscientização do Autismo, estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2007, têm como objetivo dar visibilidade ao tema e sensibilizar a sociedade para a importância do respeito, da empatia e da inclusão das pessoas com TEA (Transtorno do Espectro Autista).
Seguindo sua essência de ser cada vez mais um porto seguro para seus(as) colaboradores(as) e suas famílias, a Porto incentiva e apóia iniciativas de conscientização e conhecimento.
Por meio do #Juntos e do Programa de Saúde Integral, o grupo de afinidade dedicado às pessoas com deficiência programou uma roda de conversa em parceria com a empresa Holos, com a psicóloga Clara Magalhães e a jornalista Mariana Vasconcellos, fundadoras do canal @criandopaisprotagonistas. Juntas, elas já capacitaram mais de dez mil famílias em temas relacionados a crianças com deficiência.
O Nosso Porto não ficou de fora e bateu um papo esclarecedor com Clara e Mariana sobre a importância de um mês dedicado à conscientização do autismo, os desafios enfrentados por quem recebe o diagnóstico e também sobre empregabilidade e mercado de trabalho para pessoas com TEA.
E, como sempre gostamos de fazer, ouvimos também nossos(as) queridos(as) colaboradores(as), que dividiram conosco suas histórias de vida e de muita luta por inclusão e empatia.
Nosso Porto: Qual é a importância de dedicar um mês para a conscientização da sociedade sobre o autismo?
Clara Magalhães e Mariana Vasconcellos: É justamente para conscientizar. Ainda existem muitos mitos, muitas pessoas que acreditam que autistas são todos(as) iguais e que terão as mesmas dificuldades, o que acaba os(as) colocando dentro de um estigma. O Abril Azul é uma oportunidade de levar informações verdadeiras, com embasamento científico, para fora da comunidade. Ainda é importante colocar em evidência que o conhecimento sobre o transtorno ajuda a ampliar o acesso ao diagnóstico precoce, fundamental para garantir mais qualidade de vida e autonomia no futuro.
NP: Como é feito o diagnóstico de autismo?
CM e MV: Normalmente começa no consultório do(a) pediatra. A família leva suas observações, ou o(a) próprio(a) profissional aponta os atrasos. Esse(a) pediatra encaminha a criança para investigações com neuropediatras ou psiquiatras infantis, que são os(as) profissionais aptos(as) a fechar o diagnóstico de autismo. A avaliação é multidisciplinar, conta com Terapeuta Ocupacional, Fono, Psicólogo(a) Comportamental para avaliações específicas, pois o autismo é um transtorno que afeta o desenvolvimento de maneira global.
NP: Quais são os principais desafios que pessoas com autismo e suas famílias enfrentam?
CM e MV: Falta de conhecimento dos(as) profissionais da saúde sobre o autismo, acarretando em atrasos graves no diagnóstico, preços abusivos de terapia, falta de terapeutas no Sistema Único de Saúde, dificuldade de conseguir reembolso das terapias pelos planos de saúde (muitas vezes necessitando de ação judicial), falta de inclusão escolar (isso quando a criança não é impedida de ser matriculada), a rotina atribulada com as terapias e equipe multidisciplinar, que muitas vezes impede um dos provedores a trabalhar e se inserir no mercado de trabalho.
NP: Atualmente, qual é o cenário para a inserção de pessoas com autismo no mercado de trabalho brasileiro?
CM e MV: As empresas têm se preocupado em colocar vagas para pessoas com deficiência, mas os relatos que recebemos é que muitas vezes não passam de um sistema de cotas, obrigado por lei. Não basta apenas inserir a pessoa autista no mercado, é preciso dar o suporte necessário para que ela se mantenha ali, sendo tão produtiva quanto os(as) demais colaboradores(as). A Autism Speaks, uma organização americana, realizou uma pesquisa em 2014, nos Estados Unidos, que detectou que 85% dos(as) profissionais com autismo estavam fora do mercado de trabalho.
Com a palavra, nossos(as) colaboradores(as) que convivem de perto com o TEA