Em cartaz via streaming, a atriz reflete sobre o papel da arte em nosso tempo.
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Débora Falabella, atriz (divulgação).
A atriz Débora Falabella, em cartaz via streaming com a peça Cara Palavra, conversou com o Nosso Porto sobre o espetáculo e as possibilidades artísticas em tempos de isolamento social. Relembrou também, passagens de sua carreira que envolvem o Teatro Porto Seguro.
Nosso Porto: A peça Cara Palavra, em cartaz no Teatro Porto Seguro, é um dos espetáculos que experimenta o formato on-line. Quais são as suas perspectivas para o novo formato e os impactos que uma transmissão a distância trazem para o trabalho de uma atriz?
Débora Falabella: Experimentei alguns formatos nas redes sociais durante a pandemia, e apresentei uma peça via streaming, mas por apenas uma dia. Agora consegui entender o que é ter um espetáculo on-line em cartaz. Num primeiro momento pareceu bem estranho. Ensaiamos cada uma em sua casa, sem contato. Fica faltando um calor humano, principalmente no teatro, onde isso é tão importante. Não podemos trocar diretamente com o público, não sentimos a reação da plateia, não sabemos se gostaram ou não, não vemos as pessoas na saída.
Ao mesmo tempo, tem um lado incrível de conseguir chegar a muita gente, coisa que nem sempre conseguimos, apesar das turnês. Agora, podemos ser assistidas no Brasil inteiro, e fora do país também. É uma oportunidade de ter um público muito diverso, múltiplo. Talvez essa seja uma das maiores surpresas dos espetáculos on-line.
Agora, podemos ser assistidas no Brasil inteiro, e fora do país também. É uma oportunidade de ter um público muito diverso, múltiplo. Talvez essa seja uma das maiores surpresas dos espetáculos on-line
Débora Falabella
NP: Qual a importância de fazer teatro num contexto de pandemia mundial, levando em conta também o cenário brasileiro? De que forma a arte pode nos ajudar a entender e a elaborar o momento pelo qual estamos passando?
DB: Eu acho que nós sempre nos reinventamos enquanto artistas. Quando a pandemia chegou, nos vimos impossibilitados de ocupar os teatros e começamos a pensar em novos modelos. Acredito que a arte é muito poderosa e que, como disse anteriormente, conseguimos atingir muitas pessoas dessa forma. Tem uma frase na peça que diz: “mesmo com tantas palavras, nós não daremos conta do que está acontecendo”. Ao mesmo tempo, é uma forma de dialogar com o público, trazer um pouco de alento e questionamento em relação a tudo que estamos vivendo. O papel da arte continua sendo importante, também num lugar de entretenimento, mas principalmente no lugar do fazer pensar. Eu me orgulho muito desse espetáculo, pois falamos de poetisas brasileiras, e eu acho que o mundo está precisando muito de poesia.
NP: Esta não é a primeira vez em que você atua no Teatro Porto Seguro. Qual é a sua relação com esse espaço? Qual é a importância dele, tanto para sua trajetória profissional como para o cenário artístico de São Paulo?
DB: Eu já me apresentei no Teatro Porto Seguro duas vezes. A primeira foi com a minha companhia de teatro, com a peça Contrações, logo que o teatro abriu. E a segunda foi com um espetáculo chamado Mantenha fora do alcance do bebê. É um teatro maravilhoso em termos técnicos, um teatro lindo, que fica num ponto da cidade onde você consegue levar o público. Tem uma curadoria muito interessante, preocupada com aquilo que está em cartaz, e que ao mesmo tempo propõe espetáculos mais alternativos, música, espetáculos mais comerciais. Acredito que seja um lugar muito importante para a nossa cidade. Eu tenho uma relação maravilhosa com esse Teatro, e dessa vez estou sozinha nele. As outras atrizes ficam em suas casas, mas ainda assim me sinto acolhida por esse espaço pelo qual tenho tanto carinho.